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sábado, 25 de junho de 2022

Necessidade de Capital de Giro (NCG)

A princípio, um quadro de como estão as contas e saldos de ativo e passivo circulantes com base nos números de dezembro/2015. Ver demonstrativos em postagens anteriores (PMRE, PMRC e PMPF).

Logo após a segunda tabela, já teremos o cálculo para a Necessidade de Capital de Giro (NCG), mas se quiser entender o porquê do valor encontrado e saber em detalhes a situação da empresa e a perspectiva para o futuro, então continue lendo o que se segue após esse cálculo.

Conforme os demonstrativos Ativo e Passivo circulantes da empresa.

Conta

Descrição

dez/15

11

ATIVO CIRCULANTE

197.844,39

111

DISPONÍVEL

41.241,28

1111

CAIXA

1.200,00

1112

BANCOS CONTA MOVIMENTO

40.041,28

112

CONTAS A RECEBER

140.692,00

1121

CLIENTES

59.558,00

1122

CARTÕES DE CRÉDITO

81.134,00

113

ESTOQUES

15.911,11

21

PASSIVO CIRCULANTE

118.616,23

211

CONTAS A PAGAR

118.616,23

2111

SALÁRIO A PAGAR

846,50

2112

OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS

915,37

2113

OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS

10.750,08

2114

FORNECEDORES

59.737,50

2115

EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS

50.000,00

2116

(-) ENCARGOS FINANCEIROS A TRANSCORRER

3.633,22

Fonte: Elaborada pelo autor do blog

CCL = 197.844,39 – 118.616,23 = 79.228,16

Embora CCL > 0, onde se perceba uma aparente folga financeira, não é possível saber se esse valor é suficiente para a empresa operar, honrando seus compromissos de curto prazo, já que simplesmente através do CCL não se pode fazer essa mensuração.

No entanto, ao calcular a NCG, será possível constatar a necessidade de recursos do Patrimônio Líquido (PL) e/ou Passivo Não Circulante (PNC) financiando o Ativo Circulante, ou ainda financiado pelo próprio passivo financeiro de curto prazo, quando NCG > CCL. Nesse caso, teremos um valor positivo, indicando uma diferença que não está sendo financiada pelo Passivo Operacional (passivo cíclico).
A essa diferença entre as contas operacionais, denominamos de necessidade de capital de giro que representa a parte do Ativo Circulante Operacional que não é financiada pelo Passivo Circulante Operacional, mas que deve ser financiada por Passivos Financeiros de curto ou longo prazos (SOUZA 2016, p. 1211)

Quando CCL > NCG, será possível afirmar que a segurança financeira de fato existe.

Para verificar a Necessidade de Capital de Giro (NCG), deve-se observar a subtração entre ativos e passivos cíclicos (operacionais).

Ativo e Passivo Cíclicos e Financeiros da Empresa

11

ATIVO CIRCULANTE             –            Dezembro/2015

197.844,39

 

ATIVO FINANCEIRO OU SAZONAL

41.241,28

111

DISPONÍVEL

41.241,28

1111

CAIXA

1.200,00

1112

BANCOS CONTA MOVIMENTO

40.041,28

 

ATIVO OPERACIONAL OU CÍCLICO

156.603,11

112

CONTAS A RECEBER

140.692,00

1121

CLIENTES

59.558,00

1122

CARTÕES DE CRÉDITO

81.134,00

113

ESTOQUES

15.911,11

21

PASSIVO CIRCULANTE                –         Dezembro/2015

118.616,23

 

PASSIVO FINANCEIRO OU SAZONAL

46.366,78

2115

EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS

50.000,00

2116

(-) ENCARGOS FINANCEIROS A TRANSCORRER

-3.633,22

 

PASSIVO OPERACIONAL OU CÍCLICO

72.249,45

211

CONTAS A PAGAR

72.249,45

2111

SALÁRIO A PAGAR

846,50

2112

OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS

915,37

2113

OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS

10.750,08

2114

FORNECEDORES

59.737,50

Ativo Cíclico (operacional) = 156.603,11
Passivo Cíclico (operacional) =72.249,45
NCG = 156.603,11 – 72.249,45 = 84.353,66

Até aqui foi apresentado como se deve fazer o cálculo com os número retirados dos demonstrativos. Mas, caso se pretenda entender o que essa análise quer dizer, então deve-se observar a explanação abaixo.

Conforme Diniz (2015), para se certificar de que há ou não um equilíbrio financeiro, é necessário confrontar o CCL com a Necessidade de Investimento em Giro (NIG), que tem o mesmo sentido de NCG.

Ou seja, como CCL = 79.228,16 e NCG = 84.353,66, tem-se NCG > CCL em 5.125,50, demonstrando que os Passivos Cíclicos (operacional) não são suficientes para financiar totalmente o Ativo Cíclico.

Essa diferença está sendo financiada pelo Capital de Giro Próprio, já que não há Passivo de Longo Prazo para essa empresa. E ainda, percebe-se no Balanço Patrimonial que essa empresa tem pouco imobilizado, pois trata-se de uma empresa comercial e que não necessita de uma quantidade tão grande de investimentos em ativos fixos, sobrando muito do capital próprio para investir em Capital de Giro. É o chamado Capital de Giro Próprio (CGP). No caso de se obter uma NCG negativa, o que não é o caso aqui, equivaleria dizer que todas as operações da empresa, no tocante ao negócio, estariam sendo financiadas pelo passivo cíclico, o que para muitos seria o ideal.

Por outro lado, quanto se tem recursos do PL (Capital de Giro Próprio – CGP) financiando as operações de curto prazo por opção da empresa, verifica-se também menos dependência do capital de terceiros, conforme afirmou Souza (2016, p. 1210), dizendo que “o capital de giro próprio representa a capacidade que uma empresa tem em financiar o seu ciclo operacional com recursos próprios”.

Dessa forma, além de o gestor ter plena visão da real situação, poderá também, por exemplo, optar por ter todos os seus ativos operacionais de curto prazo financiados por terceiros. Logo, deve conduzir suas transações e avaliar mês a mês até chegar à situação desejada. Porém, se o melhor para a empresa for mesclar esse financiamento com o capital de terceiros e Capital Próprio, é necessário calcular o custo ponderado desse capital de acordo com sua estrutura de capital (endividamento).

É possível também observar que essa empresa apresenta no Balanço Patrimonial, Capital a Integralizar num total de R$ 40.000, que dependendo de como será essa integralização, constante no Contrato Social, pode ser que já se tenha um aumento de Capital Próprio disponível no próximo mês.

Além disso, apresenta no Balanço Patrimonial lucro acumulado de R$ 29.433,60, oriundo dos dois meses (novembro e dezembro). Dependendo da decisão dos proprietários/gestores, pode ser que uma parte desse lucro ou o seu total seja destinado para cobrir investimento já realizados, o que poderia reduzir ainda mais o capital de terceiros na empresa. Mas se a situação do mercado der indícios de que o momento é propício, deve intensificar as operações, mantendo o capital de terceiros já existente, e usar parte desse lucro para aumentar o estoque, e consequentemente, as operações de vendas.


De acordo com Diniz (2015), há outro indicador da situação financeira, que pode se chamar de Saldo  Disponível, cuja fórmula para cálculo é a seguinte:

SD = Ativo Financeiro – Passivo Financeiro.
SD = 41.241,28 – 46.366,78 = -5.125,50

Souza (2016, p.1212) também afirma que, “quando o saldo de tesouraria for menor do que zero, significa que a empresa possui obrigações vencíveis no curto prazo contraídas junto a instituições financeiras com a finalidade de financiar o seu capital de giro”.

De fato, é o que acontece mesmo com a empresa, pois em vez de folga financeira, há uma NCG = 5.125,50, tendo a empresa, na verdade, contraído um empréstimo de R$ 50.000,00, e tendo seu Saldo Disponível, negativo.

Esse Saldo em Tesouraria citado por Souza (2016) tem o mesmo sentido que o Saldo Disponível citado por Diniz (2015).

Devido a situação encontrada anteriormente quando do cálculo da Necessidade de Capital de Giro, nem precisava ser calculado o Saldo Disponível (SD), pois já dava para saber que não havia Saldo Disponível, pelo fato de termos encontrado uma NCG > CCL. No entanto, quando for necessário, nada impede que seja também utilizada essa ferramenta.

Do contrário, CCL > NCG, haveria um saldo disponível e que poderia estar parado, necessitando movimentá-lo através de aplicações financeiras de curtíssimo prazo e/ou em outros ativos com considerável grau de liquidez.

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